Geografia em Prática
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Projeção de Peters
Durante muito tempo a Projeção de Mercator foi a mais utilizada para representar a
superfície terrestre. Porém, em 1973, Arno Peters, cartógrafo e historiador alemão,
criou uma projeção que ele mesmo chamou de “mapa para um mundo solidário”.
A projeção de Peters é uma projeção cilíndrica tangente aos pólos, parecida com a de Mercator, mas com a diferença fundamental de representar, o mais próximo possível da realidade, a proporção de tamanho entre os continentes sem se preocupar com a equivalência das distâncias.
Na projeção de Peters (ou “Projeção Equivalente de Peters”)
os paralelos estão separados a intervalos crescentes desde os pólos até o
Equador e, por isso, os continentes situados entre os paralelos 60º norte e sul
apresentam uma deformação (alongamento) no sentido norte-sul, sendo que os
continentes que se situam em uma latitude elevada (Groenlândia, Canadá...)
apresentam um achatamento no sentido norte-sul e um alongamento proposital
(para haver correspondência em tamanho) no sentido leste-oeste.
Outra diferença desta projeção para a de Mercator é que os
paralelos estão separados por uma distância menor, fazendo com que os
continentes em latitudes menores que 60º (mais próximos do equador) fiquem mais
“finos” (ou, com que haja um achatamento no sentido leste-oeste).
Devido a estas mudanças nas posições dos paralelos, a
Projeção de Peters apresenta a Europa e a União Soviética bem menor, e a África
é que ocupa o centro da projeção.
Por isso, a projeção de Peters é tida como uma projeção
ideologicamente “terceiro-mundista”. Ela apresenta uma proporção real entre os
continentes onde os países de primeiro mundo não são maiores que os países do
terceiro-mundo, no sentido literal e metafórico.
Tanto é que a Projeção de Peters foi utilizada pelo Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef) como uma tentativa de sensibilizar
os países do primeiro mundo acerca da pobreza dos outros países.
http://www.infoescola.com/cartografia/projecao-de-peters/
Projeção de Mercator
Gerardus Mercator Rupelmundanus, ou Gerhard Kremer como era seu
nome original, foi um cartógrafo belga nascido em 1512 e que em 1569
revolucionou a cartografia ao conseguir a façanha de representar o globo
terrestre em um retângulo plano, a “Projeção de Mercator”, na época, chamado
por ele de “Nova et aucta orbis terrae descriptio ad usum navigantium emendate
accommodata”.
Projeção de Mercator. Ilustração: Strebe [CC-BY-SA-3.0
(http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)], via Wikimedia Commons
Felizmente, Mercator era melhor com mapas do que com nomes e
sua projeção foi, por séculos, utilizada na navegação (como o nome original
sugeria), fazendo com que todas as cartas náuticas usadas até então se
tornassem obsoletas e, sendo até hoje usada em muitos atlas e, praticamente, em
todos os mapas de fusos horários.
Mercator conseguira, utilizando 24 linhas verticais
(meridianos) e 12 horizontais (paralelos) que iam se afastando umas das outras
conforme se aproximavam dos pólos, representar todos os continentes da terra em
um mapa que podia ser utilizado para traçar rotas através de “curvas-traçado”
(que ele chamava de “loxódromo”) de maneira surpreendentemente eficiente para a
época.
Mas, como toda projeção cartográfica, a de Mercator possui
uma distorção, só que nos pólos. Devido à forma como são representados, os
continentes afastados da linha do Equador (Europa, Canadá, Groenlândia, etc.)
ficam maiores do que são na realidade. Um exemplo comum utilizado, é a
Groenlândia que, na Projeção de Mercator aparece maior que a América do Sul,
quando, na verdade, a América do Sul é bem maior.
Essa distorção cartográfica faz com que a precisão na
medição das distâncias seja tanto prejudicada quanto maior for a latitude da
rota medida. O que, porém não prejudicou o trabalho de Mercator que passou a
ser considerado o pai da cartografia.
A partir da projeção de Mercator foram feitas outras formas
de projeção: a “Mercator Transversa”, projeção cilíndrica com o plano tangente
ao Equador e usada em mapeamentos topográficos e base para projeção UTM; a
“Oblíqua de Mercator”, com o plano tangente a um círculo máximo qualquer que
não é o Equador nem o meridiano de Greenwich e é usado para projetar imagens de
satélite no sistema Landsat, serviu de base para a projeção SOM (Space Oblique
Mercator) e para mapear regiões como o Alaska, que se estendem em direção
oblíqua; e, a “Projeção Equivalente de Lambert”, que é parecida com a de
Mercator só que com o plano tangente ao Equador, de forma que a escala na linha
do Equador é a real e conforme vai se aproximando dos pólos vai diminuindo.
Causando uma distorção aparente, inversamente proporcional a da projeção de
Mercator.
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